A maioria das pessoas quando pensam em uma avó, que não seja a sua, têm na mente a imagem de uma simpática velhinha; ou bordando, ou cosendo ou cozinhando. Até pode ser assim, mas a grande maioria das avós, têm, no mínimo, um pouco mais do que esses insignificantes e prendados predicados, diante de tão longa existência nessa terra.
Pra começo de conversa, sua avó mandava na sua mãe, que por sua vez, agora manda em você. Antes de ser a sua avó, sua avó foi criança, depois adolescente (com todos os ingredientes hormonais inerentes) e por fim uma mulher que, em algum momento, também foi sem vergonha, ou você não teria sequer nascido. Desse modo, ela sentiu coisas muito parecidas com aquilo que você sente e viveu coisas que nem de longe, passam pela sua cabeça de neto “desneturado”
Pois bem, tem avó de tudo que é jeito. Tem a que já foi, e a que continua hippie, tem avó roqueira, do samba, da igreja, do santo, que saiu do armário, pagodeira, fofoqueira, que desfia o rosário, avó comunista, avó solteira e por que não? Avó maconheira! Maconheira, sim senhor!
E nem é só pelas propriedades medicinais da cannabis, em relação ao reumatismo, a pressão ocular e arterial e sim por puro prazer e recreação individual. É que, por mais estranho que pareça, uma avó, antes de ser essa entidade, que o inconsciente coletivo criou, é uma criatura singular.
Então vejamos, se até Carlota Joaquina de Bourbon, a Princesa do Brasil, avó de Pedro II, fumava sua erva e transgredia geral na corte do Brasil, a minha avó da canção, neta de uma escrava, cujo sobrenome lhe foi imposto e que desconhece a sua origem, também fuma a dela, luta pela legalização e vive sua vida com autonomia e empoderamento. Pois é, nessa profissão não remunerada, antiguidade é posto e avó é, ou deveria ser, alta patente na hierarquia familiar.
Além disso, eu que já sou avô de 4 netos, também aprontei muito no Século XX e ainda apronto, poucas e boas no Século XXI.